quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Lembrar é (re) viver

Passado é um tempo verbal que nos suscita muitos e por vezes antagónicos sentimentos na alma. Quem nunca pensou naquilo que já viveu? Quem nunca derramou uma lágrima de saudade? Quem nunca sentiu aquele alívio por ver que um episódio já fica longe do presente?

Certo e consensual parece ser o facto de que o que está feito, feito está. Ou então há ainda quem sustente a ténue e preseverante esperança de voltar ao tempo já vivido, ao tempo que nos dá a saber as lições para o futuro.

O pretérito (que umas vezes imperfeito e outras ainda mais que perfeito) é algo que nos faz estar vivos pela identidade que se formou dentro de nós. Há um poeta que ilustra nos seus versos, um tal de Pessoa, as dores de viver duas vezes o presente. Ou seja, o presente faz-se no instante imediato embora que por vezes com um presente que já existiu noutros instantes. Algo excessivamente rebuscado mas que no entanto faz algum sentido.

Instantes que se passaram num abrir e fechar de olhos, pessoas que deixaram a sua marca, a música que se ouviu naquele dia, palavras que não foram ditas, sentimentos que ficaram fechados em nós... Exemplos de cenas que um dia julgamos infinitas no tempo mas que apenas nos resta a lembrança interminável de todo esse filme da nossa caminhada até aqui e agora.

Uma outra perspectiva é a antecipação do passado. Algo que particularmente me enfraquece o sentido do presente. Traduzindo, é um terrível sentimento de impotência perante possíveis cenários que me irão fazer olhar para o passado com nostalgia e uma lágrima no canto do olho.

Por tudo isto vamos deitar cá pra fora literalmente tudo o que sentimos, viver cada momento intesamente e sobretudo agir, não ter receio de que o passado seja apenas uma lembrança mas que o presente homenageie o passado com um olhar sincero e sem mágoa, um olhar limpido e com a esperança renovada de querer continuar a escrever a nossa história a cada instante da nossa vida.

Por fim fica a "minha" ilustração ao post. Deixo no entanto na memória de cada um a banda sonora que achar mais indicada para dar seguimento aos meus pensamentos.


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Divagar pelo Ano Novo

Após algum tempo sem pisar em solo sagrado, cá estou de volta. Qual filho pródigo...  Ainda a esclarecer que esta ausência só é explicável pela falta de sentido de oportunidade. Uma tecnologia a desenvolver por algum engenheiro deveria ser um escrever remoto por telepatia. Seria estupendo.

Primeira postagem deste ano. Talvez possa mesmo ser uma ocasião única visto que o primeiro é mesmo o primeiro.

"Novo ano, vida nova" já diz a sabedoria popular. De qualquer forma espero que assim não seja. Os gatos têm sete vidas mas eu prefiro não arriscar a única que (até ver) tenho. Resumindo, prefiro mesmo ficar com a vida que já tinha o ano passado. E vida no seu sentido mais lato. No entanto era bem capaz de lhe mudar umas quantas coisitas: começar pelo tempo que se faz sentir por estas bandas, alargar a banda horária diária para umas, deixa cá ver, para umas 30/35 horas (especificando 8 horas de trabalho e o resto para aplicar no bem-estar, não vá o Sindicato penhorar-me as restantes horas a mim) e para finalizar uns ajustes monetários no saldo da minha conta bancária não viriam em má hora.
Depois de uma leitura atenta e muito interessada ao que os cientistas dos Astros falam sobro o que dizem ser o meu signo, é bastante revelador toda uma panóplia de relatos sobre como irá ser o meu ano: poderei contar com um ano composto por 365 dias, todos eles com muito trabalho pela frente. No amor terei sorte e azar, dependendo da hora do dia e do nível de glícerideos no sangue. A saúde estar-me-á assegurada pelo SNS, isto se pagar as taxas moderadoras. Resumindo, tenho que continuar a fazer pela vida.

Assunto mais sério é, sem sombra de dúvida, a palhaçada politica que se avizinha: tentar convencer os portugueses (desempregados inclusivé) de que a crise já passou. Ou talvez convencer os desempregados que isso é apenas um estado de espírito e, desse modo, não entrar para as estatísticas oficiais. Numeros somados (ou subtraídos, dependendo do tal estado de espiríto), o que interessa é o futebol para entreter a malta já dizia o mui saudoso Salazar.

Outra estatística impressionante, segundo estudos de alguém relacionado com a UFP (Universidade Fernando Pessoa) é que nos andamos a rir menos e com menos qualidade. Isso é patético. Com tantos talk-shows na TVI e outras tantas anedotas com que o nosso Ser se depara a cada paragem do Metro, essa falta de qualidade deve mesmo por cansaço dos maxilares.

Para terminar deixo uma pequena reflexão mais íntima: sejamos cada vez mais autênticos e pensar pela própria cabeça pois nem só o Curriculum Vitae conta... Aprendamos a esquecer o valor da Amizade pois senão não teríamos memória para tantos zeros (isto em €uros pois isto em dólares USD ainda seria mais dramático). E como uma sitação é uma boa forma de culminar um texto deixo-a em seguida acompanhada por uma músiquinha.
Carpe Diem!

"Não estarei destruindo meus inimigos quando os transformo em amigos?" Abraham Lincoln